Quero partilhar convosco as palavras de José António Pinto, Assistente Social. Muitos de nós não imaginamos o que a vida nos pode maltratar... Na verdade, por muito que tente alertar consciências, não faço ideia do sofrimento que algumas pessoas enfrentam.
Já vivi muitas vidas, como costumo dizer, mas numa delas cheguei a tender telefonemas de pessoas que me falavam de pobreza e fome escondidas, e juro que cada vez que ouvi estas palavras o discurso marcou-me. Acho que é inevitável, quando nem que seja por algum tempo já se foi funcionário público a recibos verdes... Mais um dos subterfúgios para fazer de conta e não pagar sequer um subsídeo de desemprego quando já não se faz falta, e que a Administração Pública usa mais do que ninguém. Quando usado pela Administração Pública, este tipo de contratação devia ser elevado ao estatuto de crime! Alguns como eu têm a sorte de sair porque encontraram um novo emprego (ainda a crise não era o que é), já outros há que não é bem assim...
Mas não vou alongar-me mais... Aqui fica o que importa, basta clicar no link.
Saliento citando José Pinto:
A culpa não é "dos pobres", a culpa é de todos nós que podemos! Podem ter a vincada certeza disso mesmo. Não fazemos a nossa parte, falhámos todos parcialmente, não conseguimos criar um modelo de sociedade que pelo menos fosse tão boa quanto a dos caçadores recolectores... É triste não é?
Gostava também de focar que muita gente que viveu com dificuldade um dia não entende a necessidade de uma boa alimentação, e isso é triste. Carne e peixe não são luxos, comer bem é imprescindível. Não se deve educar nunca uma pessoa na boa de poupar na alimentação, já ensinar a não estragar é uma coisa completamente diferente. A saúde requer fruta, carne, peixe, legumes; e há que ensinar aos mais jovens que tudo é bom. Mas estes não comem decentemente porque não percebem, pior estão os que não comem como deve de ser porque não podem, nunca pderam ou deixaram de poder.
O ciclo vicioso da pobreza é uma espiral que a cada perda soma outra... Não vale a pena dissecar muito... Vai do perder o emprego/ ordenado, à casa, à família que se desfaz, aos amigos de quem se quer esconder, à auto-estima... Haja força de vontade que aguente tanto.
Muitos de nós gostavam de poder ajudar mais, e alguns já ajudámos, mas quando as portas através das quais prestamos ajuda se fecham... Resta pensar que de certeza que há uma boa razão para tudo nesta vida, e um dia perceberemos o porquê. Porque é que determinadas pessoas más nos podem impedir de fazer o bem... Mas este assunto era muito complexo... Nem vem ao caso para aqui. Tenho pena... Às vezes, nalguns casos, ajudar é tão simples, é que nem sequer é preciso doar bens ou capital, basta por conhecimentos ao serviços da comunidade, e não falo de cuidados médicos, falo de todos os outros apoios que muitos, infelizmente, nem sabem como requerer.
E pode parar finalmente com a greve de fome! Sempre é mais bonito que ver alguém defenhar sem comer, em pleno século XXI, por convicção própria! Acho que é uma atitude de uma força e nobreza imensas... Mas choca-me. Choca-me porque todos os dias morrem milhares de pessoas, nomeadamente crianças, por esses países tercriro mundistas a fora, e não há quem se dedique a acompanhar-lhes a hora de sofrimento a par e passo, a noticiar, a pedir algo que lhes atenue o sofrimento.
Espero que Haidar faça mais que ir para casa abraçar os filhos depois do que experienciou, e que fala ponto de honra explicar ao mundo, ao maravilho mundo de "poder de compra" em que vivemos, o que é quase morrer do fome. Que fale da dor, do sofrimento e da agonia, que tente colocar isso numa criança... Digam lá que não choca? Mata-nos a todos por dentro, sempre que lemos!
É claro que a abdicação não é fácil nem simples, mas juro-vos que há tantas coisas de que eu mesma poderia lindamente abdicar sem que nenhum mal viesse ao mundo por ai. Assim todos tivéssemos a força e a coragem para fazer mais que sermos meros espectadores deste processo negro e malévolo.
Eu, pelo menos, sempre que tenho fome, não tenho paciência para ouvir ninguém, quanto mais um discurso político cheio de boas intenções. Pensem nisso...
Ultimamente tenho tido uma feliz rejeição a certas coisas que para mim eram luxos, mas que me sabiam tão bem... Ele há coisas que se apoderam de nós de uma forma que nem sabemos explicar. Se me perguntarem como aconteceu, nem eu sei... Foi simplesmente assim... Engraçado estarmos a passar pelo Natal neste momento...
Bem, vou pensar em coisas mais alegres e felizes que isto faz-me imenso mal.
Todos os candidatos são unânimes, o sistema nacional de saúde, universal e gratuito, deve acabar. Desta perspectiva, não há muito a fazer... Viva José Sócrates, deixem-no lá estar, por muitos e bons anos... É que o Primeiro Ministro só vai "fechando" umas unidades de saúde, nada mais... Deixa-nos ser pobres, mas com direito aos cuidados de saúde como sempre conhecemos.
Inglaterra, por exemplo, tem melhores cuidados de saúde que Portugal, faz mais despesa e, se formos parar ao Hospital, que nunca sabemos como, ainda nos dão dinheiro para ir para casa... Já p+ara não falar nas Farmácias... TANTO FAZ COMPRAR UM SACO CHEIO DE MEDICAMENTOS COMO UMA CAIXA, O PREÇO É SEMPRE O MESMO... Não me consta que estejam á beira da ruptura ou da falência... Não vamos errar mais do que já errámos... deixem-nos pobres mas com saúde, que pobres e doentes mais vale morrer! Meus caros, se isto continua assim o Veneno junta-se à lista do caís de embarque do Aeroporto da Portela e o último a sair que feche a porta e apague a luz no aeroporto...
Mas estes sociais democratas estão todos doidos ou quê? Manuela Ferreira Leite diz que gostaria que Sócrates dormisse menos descansado, após a eleição dela... Pois minha cara, aqui lhe avanço já, em primeira mão, e porque tenho condições para isso (não preciso sequer ser vidente), que com esta ideia maluca do fim dos cuidados de saúde universais e gratuitos, o Primeiro Ministro terá um soninho muito mais descansado, o que até é bom... Pelo menos para Fernanda Câncio, que deve gostar de o "apanhar" fresquinho...
Já Santana Lopes disse uma tremenda de uma verdade... Há gente a passar fome neste país e parece que ninguém quer saber, porque toda a gente se recusa a ver, e a encarar a dureza da realidade vivida por bastantes portugueses. As "vacas gordas" há muito que migraram, e toda a gente dá conta do fim desses tempo, mais que não seja pela mudança de hábitos de muitos portugueses: deixam de ir aos supermercados do costume para escolher cadeias de preços reduzidos, deixam de abastecer o carro em todas as bombas, optando pelas que "oferecem" o melhor preço, os cabazes de compras baixam de Qualidade, volta-se para casa mais cedo, comesse mais em casa, bebe-se menos na rua, e compram-se menos bebidas alcoólicas... Até os bolos caseiros voltaram "à moda"! Chegámos "aos dias da amargura", e quem ainda pode, vai vivendo, mas já viveu melhor...
Quem mais tem, menos sente, mas o negócio é uma coisa que, de um modo geral, vai mal... E até as grandes catedrais do consumo se ressentem. Pode não se remodelar a casa ou os acessórios da dita, mas a comida tem que ir para a mesa, seja como for... O guarda roupa pode esperar, o carro também... Até as lavagens de carros no interior das superfícies comercias estão "às moscas"... E assim se vão "levando" os dias, menos bem... Ou menos mal!
Quanto ao "socialista de meia tigela", acho que com esta tentativa de homicídio do sistema nacional de saúde, o PSD acabou de lhe dar, a esse mesmo socialista, a tigela inteira!
Bem diziam "os antigos" (expressão que gosto de trocar por anciãos), que um dia ainda havíamos de ter o dinheiro e não ter o que comer. Cá se veio a comprovar que estavam certos... E por isso mesmo muita gente os tem citado nos últimos dias, nas conversas de bairro, de Café, no emprego e até entre amigos, invariavelmente acaba sempre por se falar da ausência de comida nos países mais desfavorecidos, a que frequentemente chamamos do "terceiro mundo". Encontra-mos aqui, sobretudo, países como o Bangladesh, Ruanda, Etiópia, e afins, que pelas difíceis circunstâncias sociais e económicas, e sobretudo devido ao sub desenvolvimento, se encontra extremamente expostos a estas flutuações dos preços dos cereais.
É terrível que deixemos passar tanto produto de validade nas nossas dispensas e frigoríficos. Basta pensar-mos na quantidade de comida que estragamos porque não nos apetece mais, ou que deitamos no lixo porque simplesmente é chato acartar com uma coisa que eventualmente nem se vai comer... Não gostamos do paladar disto ou daquilo, atiramos o pão duro e as sobras para o caixote como se de verdadeiros "criminosos" se tratassem, e esquecemos, que a cada momento que fazemos, algures no "terceiro mundo" uma criança morre de fome, bem como acontece a alguns adultos.
Deveríamos ser mais responsáveis até ao nível do consumo, e não comprar só porque podemos, pois a procura real de produtos é inflacionada por tudo o que desperdiçamos e não consumimos, voltando por vezes a comprar. Se não deitássemos fora tanto resto de arroz, e se não o comprássemos para deitar parte do pacote fora porque já está aberto há alguns dias (muito boa gente acaba por o fazer), se calhar não estaríamos a pontos de racionar a venda de arroz até nos Estados Unidos, limitando a compra por cliente.
Contra mim falo, mas ultimamente tenho de facto feito um esforço para me tornar um melhor elemento "à face da Terra", gastando menos água (pelo cano abaixo), andando mais a pé, comprando produtos naturais para os cozinhar, e sobretudo, aproveitando bem melhor os "restos", que na maioria das vezes não são restos nenhuns...
Tantos pratos que confeccionamos que poderiam ser feitos com as nossas "sobras" e que acabamos por adquirir os ingredientes propositadamente, pense-mos numa lasanha, nuns cannelloni , num empadão, nuns rissóis... Da próxima vez que vir-mos uma refeição a ir para o lixo no próprio dia que a confeccionamos vamos todos tentar parar para pensar e ver o que poderíamos fazer com ela, pois certamente há uma boa resposta que até nos poupa tempo no dia seguinte à hora do jantar (isto supondo que estamos a meio da semana de trabalho).
Hoje, O director do Banco Mundial BM ), Robert Zoellick , veio a público informar-nos que «as próximas semanas serão críticas», e disse que o BM pretende criar um fundo para financiar os países mais pobres a financiar as suas respectivas agriculturas, de forma a dependerem menos das ajudas externas, mas todos bem sabemos a dificuldade que isso representa, mas sem dúvida que se conseguir-mos vencer o ciclo viciosa das "caridadezinhas",que todos bem sabemos que tem muita culpa desta situação de crise extrema, será um feito para a Humanidade; pode mesmo levar ao fim do "terceiro mundo" conforme hoje o concebemos.
Estas caridades acontecem porque há falta delas morrem ainda mais pessoas vítimas da fome, e não suportamos essa ideia, por isso devemos dar passos no sentido de evitar cada vez mais estas "esmolas" que não passam de "presentes envenenados" e começar fomentar o espírito do cultivo para a auto-sobrevivência.
Para terminar este post, deixo as palavras de Zoellick : «Se os fundos que solicitamos aos doadores não forem plenamente cobertos, corremos o risco de presenciar ainda mais o aumento da fome, da desnutrição e do surgimento de distúrbios sociais numa escala sem precedentes». Pensem nisto cada vez, já hoje, mais e pensem se queremos continuar a ser co-autores desta "matança". Vamos fazer os possíveis por sermos consumidores e dadores mais responsáveis.