Deve ser o único caso conhecido no qual a grande multinacional, cujo orçamento é superior ao do Estado Português, se enganou a fazer as contas.
É de uma gravidade tremenda, não acham?
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Citando "O Instituto da Construção e Imobiliário (InCI), organismo público que ficou elaborou o Código dos Contratos Públicos em nome da transparência e do rigor no uso dos dinheiros públicos, entregou o desenvolvimento de um portal à Microsoft, num contrato sem concurso público e onde já há derrapagens, avança o Público." in sol.sapo.pt.
O famoso ajuste directo... Ao que parece... Justificado com a urgência da construção do portal, isto porque como tal coisa nunca existiu, e se não começar a existir num determinado número de horas subsequente à decisão, pode levar mesmo à extinção da transparência da empreitada em Portugal (como se alguma vez tivesse havido alguma)... Justiça a adjudicação de uma coisa sem qual ninguém morre ou passa menos mal, assim, "tu cá, tu lá", sem concurso público nem oportunidade para nenhuma outra empresa.
A Microsoft acaba aqui numa posição tão infeliz quanto a do Estado. Então uma empresa destas tem necessidade disto? Que o Governo se coloque mal por desporto e vicío é uma coisa, que os privados escolham fazer o mesmo é curioso! Mas todos bem sabemos que é mesmo assim... Só que uma empresa como a Microsoft... É triste!
Não há resquício de dignidade em nada... E quer esta empresa construir um site para a transparência... Que falta de sentido de oportunidade! Que pensaria Bill Gates da sua Microsoft, da qual já se "aposentou", se ao menos uma vez por dia pensasse nela e soubesse que existe um sítio no mundo chamado Portugal... Acho que Bill Gates morria de vergonha de uma coisa destas. Bill Gates que apoia tantas causas nobres e se desfaz em projectos de solidariedade, mais parecendo o Bono Vox da caridade versão empresas... Acho que isto merece consequências! Isto fere a imagem que Bill Gates sempre tentou passar da grande gigante da informática.
Eu até tolero os monopólios e as estratégias de venda... Porque o mercado assim o permite e há quem se saiba posicionar tão honesta e estrategicamente quanto possível, mas um poço sem fundo desta natureza? Num país menos desenvolvido que a maioria dos países desenvolvidos? Que vergonha! Que miséria! Não há esperança para este mundo...
Na altura em que adjudicação directa foi feita, as portarias que regulamentam o portal ainda não tinham sido publicadas e estávamos a um mês e dois dias da entrada em vigor do Código da Contratação Pública... E isto justifica o quê? Se calhar na opinião de muitos muita coisa, mas permitam-me... Quer o Governo responsabilizar os gestores públicos assim do nada, por todos os actos... E os decisores públicos que não previram atempadamente s necessidades e sujeitaram os contribuintes a pagar mais por um serviço que acredito existissem muitas empresas nacionais em posição de o fazer, por valores mais agradáveis? Qual vai ser a atitude a tomar?
Meus caros senhores do Governo, se há falta de bons gestores e gestores de projecto, contratem-nos! Ajudem a diminuir a fila do desemprego, e ajudem a criar uma melhor administração pública para um país que neste momento não se pode dar a estar "larguezas de espírito"! Podem ir buscar profissionais onde quiserem, mesmo ao privado, porque os lugares que estes vagam geram emprego na mesma... Não se virem apenas para uma realidade, a vossa postura pró activa gera emprego de duas formas distintas... Reemprega quem está empregado e em consequência disso, seja no Estado seja no provado, dá emprego a desempregados.
O extinto Secretariado para a Modernização Administrativa era uma boa mais valia, e se quiserem, tenho a certeza que há muito boa gente que estaria disposta a dar o seu melhor contributo para que os grandes projectos públicos passem a ser geridos, e de forma conveniente, evitando mais tristes momentos como este. Chamem-lhe outra coisa se quiserem, mas passem este tipo de decisão e de gestão para um organismo profissional com gente proactiva, emprenhada, com experiência relevante demonstrada, quer no sector público quer no privado, e deixem-nos definir perfis, requisitos e competência, que originem bons recrutamento e gerem boas decisões, mais que não seja com pareceres e boa gestão. Este gasto em profissionais e este acréscimo de emprego são uma mais valia, que poderia vir a gerir uma grande poupança nas contas públicas, se finalmente nos propuséssemos a garantir que quando uma obra arranca é para seguir, e quanto mais obstáculos mais os números da derrapagem engrossam... Para isso coloquem problem solvers na dianteira dos grandes e pequenos projectos, com skills de negociação e competência na matéria.
Sabe-se também que a Microsoft começou a trabalhar no portal antes da adjudicação, numa altura em que o contrato de ajuste directo não tinha sido assinado... Onde está a equidade, a paridade e a transparência da Administração Pública em Portugal? Onde está a igualdade de oportunidades para cidadãos e empresas?
Mais grave ainda... A Microsoft era a consultora do Ministério das Obras Públicas, e foi a empresa que colaborou com a secretaria de Estado na preparação das portarias que vieram regulamentar o Código; ou seja... Tendo a Microsoft sido a feliz contemplada com a adjudicação da elaboração de um serviço para o qual foi consultora... Quer-me a mim parecer que qualquer coisa aqui não está muito certa... Acho que as recomendações legais, neste caso, foram relegadas para quinto plano ou coisa do género... Segundo plano parece-me pouco, dada a matéria em apreciação!
Mas quem ainda não está em estado de choque, como aditivo à explicação do inexplicável já avançada... Que só pode na prática corresponder a cabeças no ar, falta de preocupação e má gestão pública... Isto a meu ver, mas cada um que tenha a sua opinião... Sabe-se que o portal ainda se encontra em construção, e que, a Microsoft é tão generosa que, fornece manutenção correctiva do sistema até seis meses após a conclusão... E depois meus caros? Adjudica-se a quem fez o site a manutenção, correcto? É que de outra forma dará ainda mais asneira e vai sair ainda mais caro a quem paga (o contribuinte), porque quem fez é quem deve corriguir, mesmo que o site fique online 20 anos...
Fabuloso, não é?
Já agora fiquem um pouco a pensar acerca da empresa que gere um orçamento maior que o do nosso Estado não saber fazer contas, e não consgeuir entregar ao nosso Governo uma estimativa assertiva do que este vais gastar... Sim, porque que o Governo não percebe nada de contas já nós sabíamos e que o Ministério das Economia não percebe nada de Finanças Públicas também! A novidade aqui é mesmo a Microsoft!